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O Prazer das Coisas Simples

A inspiração para o post de hoje veio da foto que o ilustra. Recebi hoje, do meu pai, tirada do seu quintal nesse domingo, 25 de outubro, lá na cidade de Porto Alegre. Junto com a foto, vieram votos de um bom dia e uma preciosa carga de carinho e sabedoria dos que já passaram por muitas dificuldades, superaram frustrações e anseios não atendidos e, por fim, entenderam que o que importa mesmo está ao alcance de todos e não é nada complicado de obter. O prazer das coisas simples.

Quantas vezes colocamos todas as nossas expectativas nas coisas que queremos conquistar? Nada de errado ter ambição, pelo contrário. Ruim, entretanto, é deixar de apreciar o que de bom nos cerca e nos acontece, enquanto elas não chegam, fixados exclusivamente nos objetivos ainda por alcançar. Pior ainda se associamos esses objetivos à nossa felicidade: “vou ser feliz quando tiver um emprego”, vou ser feliz quando tiver uma casa própria, um carro, uma residência maior, uma promoção, quando casar, quando tiver filhos, quando me formar, quando emagrecer, quando engordar, quando, quando, quando, quando... Claro que todas essas conquistas e outras mais são muito importantes e é compreensível que ocupem nossos pensamentos, nosso esforço e nossa energia, porém, se encantar e curtir as coisas simples que estão a nossa disposição nos dá ânimo, encoraja e enfeita a vida.

Gosto muito dessa expressão “enfeitar a vida”. Enfeitar, colorir, alegrar, embelezar. O quê? Qualquer coisa! Nossa aparência, nossa casa, nossos olhos - como no caso da linda imagem da foto tirada por meu pai -, nossos ouvidos, com a música que nos agrada, nosso olfato com aromas dos perfumes, das comidas - quem não gosta do cheiro de pão saindo do forno ou de terra molhada quando chove? – do tato, como quando afagamos o outro, seja um companheiro, um filho, um pai, um amigo ou os macios pelos de um pet.

Para além dos prazeres simples que nos permitem os sentidos, quanta gratificação na leitura que nos sequestra a atenção, numa palestra sobre um assunto interessante, uma exposição, um filme ou uma conversa descompromissada com amigos? Quanta coisa a aprender, mesmo que seja “cultura inútil” – discordo dessa qualificação, tudo vale – mas aprender pelo simples prazer de aprender? E o que dizer de uma caminhada pelo parque? Há dez anos moro em São Paulo e só há duas semanas fui conhecer o Jardim Botânico – me perguntando por que demorei tanto...

Tendemos, e eu não sou diferente da maioria, a nos deixar absorver pelas preocupações mais prementes e por aquilo que ainda não temos, ou mesmo nunca teremos, e deixamos de aproveitar o que está ao nosso alcance e que pode nos propiciar prazer e gratificações agora mesmo. Então, é preciso que algo nos faça lembrar dessas possibilidades fáceis de usufruir. Esse “algo”, hoje, para mim, foi a mensagem do meu pai. Talvez, ela seja para você também!


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