Em dezembro de 2014, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 21 de junho como o Dia Internacional do Yoga, reconhecendo “o apelo universal dessa prática”. O Yoga existe, seguramente, desde o século II antes de Cristo, data que se calcula tenha sido escrita a obra de maior autoridade sobre o tema, os Yoga-Sūtras de Patañjali, mas provavelmente a origem do Yoga é muito mais antiga. Então, por que agora, tão recentemente, se propõe uma data comemorativa?
A resposta pode estar nas palavras do Primeiro Ministro da Índia, Narendra Modi, que fez a proposição à ONU, em 2014, justificando: “O Yoga é um presente inestimável da nossa tradição antiga. O Yoga incorpora a unidade da mente e do corpo, pensamento e ação... Uma abordagem holística que é valiosa para nossa saúde e nosso bem-estar. Yoga não é apenas um exercício; é uma maneira de descobrir o senso de unidade consigo mesmo, com o mundo e com a natureza”.
Talvez nunca antes estivéssemos tão necessitados de conexão conosco e com os outros como nesse século de comunicação digital. Relativamente recente para a humanidade, as facilidades da web, ao contrário de nos propiciar mais tempo, parecem nos propor mais tarefas e, plugados durante todo o tempo de vigília, não sobra espaço no dia para enxergar a nós mesmos e ao outro, não sobra tempo para promover o nosso bem-estar e o do outro.
Abarrotados de atividades, prestamos ao que estamos fazendo a atenção mínima indispensável, quando não fazemos várias coisas ao mesmo tempo, de forma que nem aproveitamos a experiência e logo nem mais lembramos do que fizemos. Sentimos, e esse é um fenômeno mundial monitorado pela Organização Mundial da Saúde, a ansiedade, e seu espectro mais obscuro, a depressão, crescerem ano a ano.
O Yoga propõe um pé no freio. Propõe, como dizia o poeta, “manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo” para nessa condição investigar nossas prioridades e colocar nelas toda a nossa atenção e esforço, mas com serenidade, desligando, assim, os gatilhos da ansiedade e do sofrimento. Percebendo a nós mesmos, entendemos nossas semelhanças com o outro, e essa compreensão ajuda a desenvolver a empatia. Percebendo a nós mesmos, identificamos como o ambiente nos afeta e isso nos faz desejar um espaço mais saudável, mais belo e mais harmonioso, estendendo nossa consciência da pequena área que nos rodeia até o planeta inteiro, estimulando uma compreensão de ecologia muito mais ampla e profunda.
Sim, precisamos mesmo de um dia para homenagear, mas sobretudo divulgar e incentivar os ensinamentos do Yoga. Vejo na prática do Yoga, seja ela como for, desde que baseada na Tradição, um caminho seguro, agradável e acolhedor para uma existência mais saudável, equilibrada e, sobretudo, mais feliz. Namastê.
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