Gratidão aos pais
Me propus escrever um novo post para o blog todo o domingo, dessa forma crio uma rotina pessoal que ajuda a me disciplinar (confesso que disciplina não é algo fácil para mim). No entanto, mesmo com a programação, gosto de deixar para escrever no dia, no calor do momento, sem preparação, como uma conversa informal, e hoje não foi diferente.
Hoje é Dia dos Pais. Datas comemorativas como essa recebem crítica de que existem apenas para alavancar as vendas do comércio. Não concordo, embora tenha esse reflexo mesmo, e ele nem é negativo, pois mais empregos e renda advém do fato. Eu acredito que os dias de homenagem têm, realmente, o mérito de fazer nosso pensamento se voltar para os homenageados. Não que não nos lembremos deles nos demais 364 dias do ano, mas a comemoração nos convida a refletir mais profundamente. Sua importância, seus méritos, seus acertos e seus desacertos também.
Quando liguei para o meu pai pela manhã, ele, emotivo, fez um balanço da sua trajetória como genitor de cinco filhos, de dois casamentos: “acho que o saldo é positivo”, concluiu feliz. Sem dúvida, positivíssimo, concordo plenamente, mas cito o fato pois não é incomum se perguntar “poderia ter sido diferente, ter sido melhor?” Eu, como mãe, me faço essa pergunta.
Acho que a resposta é “possivelmente sim”. Se essa não fosse a resposta, significaria que somos perfeitos, e tal não é o caso, ninguém é. Melhor, então, olhar na direção oposta, na direção das coisas boas, corretas, positivas. E olha que lindo, quantas podemos listar... E o sentimento dominante passa a ser gratidão.
Há alguns anos, fiz um exercício preconizado pelo psicólogo e professor da Universidade da Califórnia, Robert Emmons, autor do livro “Agradeça e Seja Feliz”. Bastante simples, a ideia era escrever, diariamente, coisas do seu dia, da sua vida, sobre as quais você se sentia grato. Interessante, diz Emmons no livro, “temos a tendência de achar que temos as coisas como certas e não que são uma dádiva”. Verdade, mas o exercício é eficiente e logo no início da prática, que durou quinze dias, fui capaz de registrar no papel as dádivas da minha vida. Entretanto, levou um tempo até que eu entendesse que tudo pelo qual que eu era grata existia por que eu nasci, cresci e me desenvolvi. Acabei concluindo que tudo, em alguma medida, devo aos meus pais. Essa consciência foi impactante e libertadora, pois até resquícios de ressentimentos infantis se dissiparam, diante do dom da vida, permitida, doada, presenteada, por eles.
Deixo aqui a minha homenagem a todos os pais. Tem mãe que é pai, tem pai que é mãe, tem filho que é pai. Pai é quem gera, pai é quem cria, pai é quem dá condições da vida seguir em frente e sua presença permite a sequência de coisas maravilhosas da existência, sentimentos, realizações e aprendizados. Eterna gratidão ao meu pai e felicidades a todos que têm a oportunidade, o privilégio e a missão de serem “pais”.
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